Desenvolvimento, Sensações, Motivação, Aprendizado, Condicionamento, Memória e Envelhecimento.
Diz-se que o filhote do
homem
é o mais prematuro dos seres, pois ao nascer seu sistema nervoso é imaturo e
não dispõe de motricidade coordenada.
As reações corporais no
recém-nascido são globais, o que quer dizer que quando estimulado, responde com
o corpo como um todo; aliás, todos os sistemas corpóreos ainda são bem
primários, mas vão se amoldando de acordo com o próprio desenvolvimento.
As ações se dão de
maneira reflexa até aproximadamente os oito meses; as cadeias musculares agem
divididas em regiões hipertônicas em contraste com outras hipotônicas. A sucção
e a orientação da boca são as únicas atividades coordenadas depois do
nascimento, contudo impulsionada pela fome.
Imagine que durante
nove meses o feto cresce dentro d’água no útero da mãe, no centro de um
universo onde é aquecido e alimentado, aconchegado e protegido, contido pelo corpo materno. Mas, apesar de estar no “nirvana” o
útero passa a ficar apertado, e o nascer é uma atitude saudável já que é um pulsar para a vida; ficar significaria a morte. Na
hora de seu nascimento, quando passa para o mundo externo, o seu sistema
respiratório se modifica: de braquial para pulmonar. Portanto o Respirar é seu primeiro aprendizado vital.
A princípio,
no espaço intrauterino, as únicas informações que ele tem como referência são
os sons do corpo da mãe: batimento cardíaco, a respiração, movimentos
peristálticos, circulação do sangue, vozes, deslocamentos e posturas. Sua única
orientação está relacionada ao corpo da mãe, por isso o termo "Mãe Terra".
Depois do nascimento é
através do tato e do olfato que o bebe começa descobrir o espaço que o cerca.
Os cheiros, o contato com a pele, o manuseio, o cuidado, a voz, os barulhos que
a mãe produz a sua volta é que vão criando as dimensões
de ser.
Justamente essas experiências corporais que compensam a imaturidade visual e
que possibilitam a percepção de seus limites corpóreos e do outro.
Na medida em
que o bebe cresce, ele começa ter o controle motor e uma impressão sobre os que
o rodeiam. Assim, ele adquire o conhecimento por meio de suas próprias ações
que são controladas por instantâneas informações sensoriais, reflexos neurológicos
básicos, responsáveis pela construção dos esquemas de ação para assimilar
mentalmente o meio. As noções de espaço e tempo são construídas pela ação. O
contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento. A
inteligência é prática.
E esse personagem
incorpora aos poucos os aprendizados que se dá pelo sentir! A experiência é obtida pela
exploração manual e visual do ambiente através de ações e imitações. As ações
como agarrar, sugar, atirar, bater e chutar ocorrem antes do pensamento, pois
tudo está centralizado no próprio corpo.
Observe a criança: tudo
o que vê quer pegar e levar a boca, não é? “O pé é tão perto!”, dizia uma
professora minha de psicomotricidade, e o significado disso é que nós vamos nos
distanciando de nosso corpo na medida que crescemos. Os pés ficam lá embaixo,
enquanto a cabeça fica aqui em cima! Deixamos
o chão e ficamos em pé e a realidade muda totalmente. Mesmo antes disso, quando
o bebe consegue estar na posição sentada, o ângulo de visão e, consequentemente,
o de atuação aumentam consideravelmente.
Geneticamente os
processos físicos, motores, cognitivos, psíquicos, emocionais e relacionais têm
suas incumbências pré-estabelecidas e num arranjo se estimulam reciprocamente,
e a criança adquire por ex. movimentos
de coordenação viso motora (pegar e
segurar objetos) de modo a enriquecer a função anterior.
Com o crescimento e
o amadurecimento a criança vai adquirindo o que chamamos de prontidão, que se
forma de acordo com a associação das funções que levam à ação. Permitem estar
pronto para a automatização de certos movimentos naturais como o andar, cair e
levantar, apanhar e jogar; e para outras ações que são apreendidas como levar
uma colher a boca assim também como o treino do
controle dos esfíncteres.
Não podemos
esquecer que no geral todo esse aprendizado pode ser prazeroso ou traumático,
pois depende da maneira que vão ser proporcionada essas aprendizagens, sendo
determinante para a qualidade de vida de uma pessoa.
Mas, com o passar
dos anos, na medida em que vamos ficando mais velhos, se torna frequente não
ter tanta agilidade, destreza, mobilidade, como se começássemos desaprender
certos movimentos naturais do nosso dia a
dia. E num certo momento da existência, quando já somos grandes o suficiente,
alguma coisa começa a falhar.
A incontinência urinária é um deles. Acredito
que existem muitos fatos que “cooperam” para que isso ocorra, mas se
compreendermos melhor como tudo isso procede, talvez possamos diminuir ou
eliminar o que se tornou uma síndrome da terceira idade. Detesto rótulos!
O desenvolvimento
humano se dá através de uma construção continua de estruturas mentais, sendo
que algumas permanecem por toda vida, e um exemplo disso é a motivação que é desencadeadora da ação. E é baseada nessa
premissa que quero dar prosseguimento a nossa conversar para compreendermos
todo esse processo! Portanto, continua...
Stela M. Faggin, dez/2012
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